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 Famílias Cearenses & Francisco Augusto de Araújo Lima.  

 

Revista do Instituto do Ceará. Histórico, Geográfico e Antropológico.

Tomo CXXXIII. Ano CXXXIII. Volume 133.  2019. Lançada 04.03.2020, às 19 horas na sede do Instituto do Ceará, Rua Barão do Rio Branco,1594, Fortaleza.

Por Francisco Augusto de Araújo Lima. Ceará, 2019. Separata da RIC. Páginas 107/152. genealogia @familiascearenses.com.br

 

 

   O Coronel Salvador de Moya Ruso Varéa y Reys militar, historiador é considerado o mentor da genealogia moderna brasileira. Nasceu a 02 de fevereiro de 1891 e faleceu a 11 de julho de 1973, em São Paulo. Filho de José Narciso de Moyá Varéa e de Maria do Rosário Ruffo Rosado.

                                         Salvador de Moyá. Fonte Foto: www.google.com.br.

 

“No ano de 1930, (o Coronel Salvador de Moya) reuniu-se a alguns apreciadores da genealogia e com eles, fundou uma entidade pioneira no Brasil, para o estudo e o desenvolvimento da genealogia em todo o país. A entidade tinha sede na Praça da Sé, nº 50, Salas 53, 61e 62, em São Paulo, dedicada à genealogia, nobiliarquia e heráldica. A entidade passou logo a desenvolver-se chegando a publicar uma Revista mensal. Em 15 de dezembro de 1939, reuniu-se a pouco mais de uma dezena de companheiros e com eles fundou o ‘Instituto Genealógico Brasileiro de São Paulo’, cujos estatutos estendiam o estudo da genealogia as classes populares e a todo o país, sem destaque de categorias sociais, heráldicas ou nobiliárquicas.”  Cf. Consuelo Maria Freire Guimarães. João Gabriel Sant’Ana,  Repertório Biográfico e Genealógico Paulista, São Paulo, 1987. p. 352/354. Revista Genealógica Latina. Vol. XI – Ano 1959. p. 144,146,227,228.

   No movimento liderado por Moya o Ceará foi representado por Dom Antônio de Almeida Lustosa e pelo Dr. Raimundo Girão. A Paraíba por Sebastião de Azevedo Basto. O Rio Grande do Norte por José Augusto Bezerra de Medeiros e Jerônimo Rosado Maia, entre importantes vultos do Nordeste brasileiro. Cf. Siará Grande. Vol. III. p. 1023, op. cit.

   A genealogia como ciência é regida entre outros pelos Anais dos Congressos Internacionais ocorridos em vários países. Nos Anais aprende-se que em primeiro lugar se deve agradecer aos pesquisadores pioneiros, cujas informações são peças preciosas para a elucidação de fatos ocorridos á séculos passados. Com a evolução da tecnologia, e a disponibilização de documentos, alguns enganos desses antigos pesquisadores têm de ser corrigidos, de forma cordial, sempre citando a fonte e reconhecendo o valor do pioneirismo. Antônio José Vitoriano Borges da Fonseca, no seu notável manuscrito Nobiliarquia Pernambucana, escrito nos primeiros quinze anos em Pernambuco, e nos últimos quinze anos no Ceará, onde era Capitão Mor, é um excelente trabalho que permite o estudo de pernambucanos, cearenses, paraibanos, potiguares e alagoanos. Enganos existem e quem consegue contribuir com a sua obra deve se sentir honrado. A.J.V. Borges da Fonseca, Nobiliarchia Pernambucana, Biblioteca Nacional, RJ, 1935. Vol. I 502 p. Vol. II. 488 p.    

   No Ceará destaque para José Pedro Soares Bulcão o mais técnico dos antigos estudiosos da nossa genealogia. Cf. Soares Bulcão. RIC, 1931, p.157. Cf. José Pedro Soares Bulcão. Anastácio Braga. Notas Genealógicas. Typ. Minerva. Ceará - Fortaleza, 1928. O Dr. Guilherme Studart, com várias publicações, merecendo ser citado o Diccionario Bibliographico. Typo-Litrographia. Fortaleza, Vol. I. 1910, Vol. II. 1913, Vol. III. 1915. O Padre Antônio Gomes de Araújo pioneiro no Cariri cearense. Cf. A Cidade de Frei Carlos. IU. UFC. Fortaleza, 1971. Cf. Padre Antônio Gomes de Araújo. Povoamento do Cariri. IU. UFC. Fortaleza. 1973. Os Furtados Leite. Itaytera. 1857. O Monsenhor Raimundo Augusto dedicado ao estudo do famílias de Mauriti.  Joaryvar Macedo dotado de excelente leitura paliográfica, deixou trabalhos de inestimável valor para a genealogia do Cariri. O Monsenhor Francisco Sadoc de Araújo, mestre da Ribeira do Acaraú, o Médico Vinicius de Barros Leal, entre muitos pesquisadores. Cf. Joaquim Lobo de Macedo o mesmo Joaryvar Macedo. Os Augustos, UFC, I.U. Fortaleza. 1971.  Origens da Cidade de Aurora. Revista Itaytera, 1975, Nº 19, p. 147. Notícias Históricas de Aurora, RIC, Fortaleza, 1983. A Estirpe de Santa Teresa, IU, UFC, Fortaleza, 1976. São Vicente das Lavras, IOCE, Fortaleza, 1984. Povoamento e Povoadores do Cariri Cearense. IOCE. Fortaleza. 1985. Temas Históricos Regionais, IOCE, Fortaleza, 1986.  Cf. Monsenhor Francisco Sadoc de Araújo, Cronologia Sobralense. Ed. Gráfica Editorial. Fortaleza. 1974. Vol. I – Vol. V Editora I.U. - UVA, Sobral, 1990. Cf. Vinícius Barros Leal. A Colonização Portuguesa no Ceará. UFC. Fortaleza. 1993.

 

   O antigo jornalismo chamava uma notícia falsa de ‘barriga’, mais ou menos correspondente ao atual “fake news”. Na genealogia aconteceram ‘barrigas’ e mistérios notáveis. Corrigir demandou tempo, anos, décadas de pesquisas e alguns ainda não acreditam - como sites na internet e outros. A resistência as mudanças é forte. Exemplos de enigmas da genealogia nordestina estão aqui reunidos a seguir.

Alencar x Alenquer. Viana do Castelo, Cabrobó, Exu, Pernambuco, Cariri cearense.

No ano de 1992 divulguei em forma de ‘folha-solta’ artigo questionando a origem do sobrenome Alencar, que nada tem com ALENCASTRO e sim com Alenquer, aportuguesamento de “coração de Alan”, Alan-coeur em francês. O padrinho de batismo de Dona Bárbara Pereira Alenquer, era Alenquer e não Alencar. A folha de rosto do livro de inventários de Cabrobó contem quinze Alenquer. Como aconteceu a mudança de Alancoeur, Alenquer para Alencar difícil de explicar. Enfim a família de sangue é REGO por adoção é Alenquer, Alencar. Cf. Yony Sampaio, Folha de Rosto, Livro de Inventários, Cabrobó, PE. Pesquisa Inédita. Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano.

  Ricardo Alenquer natural da França. Ricardo de Alenquer. Habilitação. Capitão. 08.08.1670. O requerente é de nacionalidade francesa. Filho de João de Alenquer. Mesa da Consciência e Ordens, Habilitações para a Ordem de Cristo, Letra R, mç. 1, doc. 33. PT/TT/MCO/A-C/002-018/0001/00033.

 Ricardo Alenquer. 20.05.1670. Alvará. Promessa de um ofício. Filiação: João de Alenquer. Registo Geral de Mercês, Mercês de D. Afonso VI, liv.10, f.324v. PT/TT/RGM/A/001/329889. Informação não tratada arquivisticamente.

   Martinho Francisco do Rego viveu com Domingas Álvares Montanha, moça solteira, natural da Freguesia do Divino Salvador de Portela Susã, pais de quatro filhos.

   Martinho casou-se primeiro a 10 de fevereiro de 1669, com Maria de São Rafael, filha de Antônio Dias e de Domingas Rodrigues, já defuntos, moradores nesta Vila de São Martinho de Freixieieros.

   Termo do 2º casamento de Martinho Francisco do Rego. “Aos vinte e três dias do mês de setembro do ano de 1682 anos se receberam em face da Igreja em minha presença (Padre Mateus Lobo de Mesquita Abade da Igreja de São Martinho de Frexeiro de Soutelo) dadas as denunciações na forma do Sagrado Concílio Tridentino Martinho Francisco do Rego, viúvo de Maria de São Rafael com Dorotéia de Alenquer, filha de Ricardo de Alenquer e de Isabel Pereira, da Vila de Viana (do Castelo), estando por testemunhas presentes o Padre Tomé da Torre, o Padre João do Rego, Antônio Leitão todos desta Freguesia (de Frexeiro de Soutelo) e para constar fiz este assento dia era ut supra. O Abade Mateus Lobo de Mesquita.” A nubente com 18 anos de idade.

Termo de batismo de Dorotéia. “Aos vinte e oito de janeiro de 1664, de minha licença batizou o Reverendo Eugênio Reimondo, a Dorothea, filha do Capitão Jorge de Lima e de Maria da Costa, solteira, (moradora) na Rua do Cais. Padrinhos, Miguel de Pascoal, Tenente de Campo, e Ricardo de Alamquerz, nasceu ao primeiro de novembro de 1663, e por verdade fiz este termo e o assino, dia mês e ano ut supra  O Cônego Cura Lima.” Cf. Livro de Batismos, Colegiada de Santa Maria Maior. 1663/1689. Etombo. Imagem 06. Cf. Livro de Batismos, Matrimônios e Óbitos, de Santa Maria Maior. familysearch.org. Cf. Livro de Batismos, Santa Cristina de Meadela. familysearch.org. Cf. Livro de Batismos, Santa Maria Maior. Cf. Livro de Batismos, Monserrate, Viana. 

   Leonel: Dalício, à margem o prenome da criança sugere Dalinael ou Jalinael, LEONEL batizado a 05 de novembro de 1693, na Igreja de São Martinho de Frexeiro de Soutelo, pelo Padre Mateus Lobo de Mesquita. Padrinho, o Abade de Riba de Âncora, Dalício de Alo.?., Abreu tantum.

  Leonel de Alenquer Rego (Alemquer), natural da Freguesia São Martinho de Frexeiro, Freixieiro de Soutelo, Freixeiro de Soutelo, Freixiero de Soutelo, Vila de Viana, Viana do Castelo, filho de Martinho Francisco do Rego e de sua terceira mulher Dorotéia de Alenquer. Neto paterno de Francisco Afonso de Cardadouro e de Margarida Brites, Bicites. Neto materno por adoção de Ricardo de Alenquer e de Isabel Pereira. Observar que a grafia Frexeiro em Portugal, obedecia diferentes formas.

   Termo de casamento do Capitão Jorge de Lima, avô materno biológico do português Leonel de Alencar Rego. Esclarecendo que Ricardo de Alenquer, francês, foi o avô materno adotivo de Leonel de Alencar Rego.
  O Capitão Jorge de Lima, natural da Ilha grega de Creta, Reino de Candia, Colônia Ultramarina de Veneza, Itália, quando solteiro teve um relacionamento com Maria da Costa, solteira, resultando no nascimento de Dorotéia de Alenquer /Alencar, que foi batizada a 28 de janeiro de 1664, na Igreja Colegiada de Santa Maria Maior. O Capitão Jorge de Lima, filho de Jerônimo de Lima e Adriana Mudões, Mudães, contraiu matrimônio aos 03 de dezembro de 1676, na Paróquia de Santa Maria Maior, Viana do Castelo, com Ângela Fidalga de Aguillar, filha de Luiz Dias de Aguillar e de Maria Fidalga. Cf. Livro de Matrimônios, Viana do Castelo, familysearch.org.

Inquirição de Genere – 1692 - Padre João do Rego, (irmão de Martinho Francisco do Rego) e filho de Francisco Afonso de Cardadouro, Órfão, e de Margarida Brites, Bicites, Bieites. Neto pela paterna de Afonso João e de Isabel Afonso de Cardadouro. Neto materno de Agostinho Bieites e de Isabel Ennes.

   O marido de Dona Bárbara Pereira Alenquer foi José Gonçalves dos Santos por antonomásia Surubim, Surubim - Pintado, nasceu no mês de abril do ano de 1730, no lugar de Fontão Longo, Freguesia de Santa Marinha de Tropeço, Arouca, Aveiro, área metropolitana do Porto, filho de João Gonçalves e de sua primeira mulher Maria Manoel, do lugar de Fontão Longo, Freguesia, Santa Marinha de Tropeço e não como foi por engano divulgado. Neto paterno de Antônio Gonçalves e de Maria Gonçalves, naturais do lugar de São Mamede, Freguesia de Santa Eulália de Arouca, Vale do Arouca, Aveiro. Neto materno de Antônio Manoel, do lugar da Ferraria, Freguesia de Fajões, Oliveira de Azeméis, Aveiro, e de Serafina, solteira, do lugar de Vilarinho, Freguesia de Macieira de Cambra, Vale do Cambra, Aveiro, área metropolitana do Porto. Cf. Colaboração da pesquisadora alagoana Maria das Graças Feitosa Alves, 2017/2019. Cf. Fco. Augusto. Siará Grande. Op. cit. Vol. III p. 1439 e 1574/1582. Cf. Carlos Studart Filho, Biografias Que Se Impõem. RIC, 1972, p.77. 

  Alexandre Leite de Oliveira, por engano, citado como Padre Jesuíta e nascido no ano de 1745, na não existente Paróquia de São Raimundo, cidade de Lisboa. Quem nasceu em 1745, a 06 de julho, na Freguesia de Raimonda, foi o seu irmão Henrique. Citado ainda como pai do Padre Antônio Leite de Oliveira, Aurora, Ceará, com descendência. Na verdade o Padre Antônio Leite de Oliveira é filho de  Úrsula Leite de Oliveira e de Venceslau da Costa Moreira, batizado a 20 de outubro de 1739, na Igreja Matriz das Russas, por padrinho, Manoel Simoens Homem Júnior. Neto paterno do Tenente Plácido Pereira de Freitas, n. na Freguesia da Sé de Olinda, e de Maria Manoela de Souza, n. na Vila do Recife, Pernambuco. Neto materno de Antônio Leite de Oliveira, natural do Rio Grande do Norte, casado a 30 de janeiro de 1740, na Capela de Uruaú, Beberibe, com Plácida de Souza Marinho, n. Russas, filha de Izidoro de Souza Marinho e de Maria Calado. Cf. Joaryvar Macedo. Origens da Cidade de Aurora. Revista Itaytera, 1975, Nº 19, p. 147. Notícias Históricas de Aurora, RIC, Fortaleza, 1983. p. 93/111. São Vicente das Lavras, IOCE, Fortaleza, 1984. p. 34. Povoamento e Povoadores do Cariri Cearense. IOCE. Fortaleza. 1985. p. 70. Temas Históricos Regionais, IOCE, Fortaleza, 1986, p. 184. Cf. Padre Antônio Gomes de Araújo. Povoamento do Cariri. IU. UFC. Fortaleza. 1973. p. 99,100,105.Cf. Hugo Victor Guimarães e Silva. Deputados Provinciais e Estaduais do Ceará, 1835 - 1947. Ed. Jurídica. Fortaleza. 1952. p. 431.

Alexandre Leite de Oliveira nasceu aos dez dias do mês de setembro de 1747, no lugar Rezende, Freguesia de São Pedro de Raimonda, Concelho de Paços de Ferreira, Distrito do Porto, nono filho de Francisco Leite de Oliveira e de Senhorinha da  Costa Couceiro, naturais da Freguesia de Raimonda. Neto paterno de Manoel Vaz de Oliveira, Manoel da Silva Vaz, n. Raimonda, lavrador, e de Catarina Leite Oliveira, n. no lugar de Eiriz, São Miguel de Serzedo, Guimarães, Braga. Neto materno de Manoel Couceiro e de Maria da Costa e Cruz, lavradores, naturais do lugar Cachopadre, Freguesia de São Salvador de Freamunde, Paços de Ferreira, Porto.

      

                   

                                  Termo de batismo de Alexandre Leite de Oliveira. Fonte, Siára Grande. Op. cit.

 

   Termo de batismo de Alexandre Leite de Oliveira. Alexandre, filho de Francisco Leite de Oliveira e de sua mulher Senhorinha da Costa, do lugar Rezende, Freguesia de São Pedro de Raimonda; nasceu aos dez dias do mês de setembro de 1747: eu Padre Manoel Dias Neto, Coadjutor da mesma Freguesia o batizei solenemente e pus os Santos Óleos, a quatorze do sobredito mês e ano: foram padrinhos, João Martins Coelho, filho de Manoel Martins Coelho, do lugar Rezende, desta mesma Freguesia. e Brites do Espírito Santo, filha do Capitão Antônio da Costa Cruz, do lugar de Bande, Freguesia de (São Tiago) de Carvalhosa, (Paços de Ferreira, Porto): testemunhas, o mesmo padrinho (João Martins Coelho) e o Capitão Antônio da Costa Cruz, que comigo assinaram era ut supra. O Padre Manoel Dias Neto.”

Francisco Leite de Oliveira nasceu aos 16 de novembro de 1731, no lugar Rezende, Freguesia de São Pedro de Raimonda, Concelho de Paços de Ferreira, Distrito do Porto, irmão germano de Alexandre, Familiar do Santo Ofício, 1761.

  Alexandre, a 18 de janeiro de 1805, solicita Inquirição de Génere, ao Provisor de Braga, Doutor, Desembargador Francisco José de Souza Lima, Vigário Geral no Espiritual, e Temporal, e Juiz das Justificações, na Corte e Arcebispado de Braga, e ao Senhor Arcebispo Primaz de Braga, Dom Caetano Brandão, onde: “diz ser morador nos Estados do Brasil e que para negócio de sua utilidade necessita mostrar autenticamente a sua ascendência e qualidade de seus progenitores, e como só pode fazer por inquirição de génere fazendo-lhe V. Exmo. Reverendíssimo a graça de lhe mandar tirar”.  Cf. Francisco Augusto. Siará Grande. Op. cit. Vol. I. p. 36/45.